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Começando a usar tudo isso
Agora que você já conhece a formação do campo harmônico, vamos colocar isso na música. Sabemos que para existir música, precisa existir a harmonia, que é um dos 3 elementos básicos. Como visto na tabela, o campo harmônico segue sempre um padrão. Mas não é necessário utilizar todos os acordes dele para construir a harmonia. A música é uma arte, e artes são construídas á base de sentimentos. São meios de expressar aquilo que se sente. Por isso, antes de qualquer coisa, o artista precisa ter em mente aquilo que quer dizer com sua obra. E a partir daí, utiliza as técnicas para expressar isso. E na música, tudo começa com a melodia. Mas para saber qual escala você vai usar, precisa saber qual é a tonalidade da música, e para isso, precisa conhecer bastante sobre harmonia.
Muitas vezes, o músico acredita que sabe qual é o tom da música e acaba errando por desconhecer a teoria musical. Veja esse exemplo da música Faz Chover, do cantor gospel Fernandinho:
Intro: Bm G D A Bm G D A G
D A Bm
Assim como a corsa anseia por água
G D A
Como terra seca precisa da chuva
G A D Em
Meu coração tem sede de Ti
Bm A
Rei meu e Deus meu
Bm G D A Bm G A
Faz chover Senhor Jesus derrama chuva nesse lugar
Bm G D A Bm G A
Vem com teu rio Senhor Jesus inundar o meu coração
Muitos músicos, alguns experimentados até, diriam que o tom da música é Si Menor, pelo fato de o primeiro acorde ser esse. Veja aquela tabela, que mostra a formação do campo harmônico. Se você tentar colocar Si menor dentro da tabela, imaginando que o que é menor vira maior e vice versa, olha o que acontece:
Campo de Si: SI DO#m RE#m MI FA# SOL#m LA (que está em uma tonalidade totalmente diferente da música)
em SIm: SIm DO# RE# MIm FA#m SOL# LAm (que não se encaixa em nenhum campo harmônico)
Mas... então qual é o tom da música? Para definir a altura, olhando para uma cifra (contando que ela está correta, pois muitas vezes a pessoa que manda essa cifra para os sites, só está preocupada em ganhar a camiseta que eles dão quando você atinge uma quantidade de músicas enviadas e não se ela é fiel á harmonia), você precisa verificar todos os acordes e ver em qual campo harmônico ela se enquadra. Com o tempo, você desenvolve bastante seu conhecimento sobre as alturas, ou seja, as notas que estão acima e as que estão abaixo, e daí não tem mais a necessidade da tabela para encontrar o tom da música. É o que algumas pessoas chamam de "tocar de ouvido". Mas é claro que até lá, você já aprendeu bastante sobre as famílias e os relativos, que são a base da harmonia. Funciona assim: olhe novamente para a cifra acima. Encontramos os seguintes acordes:
Bm G D A
Agora, olhe para a tabela e veja em qual campo harmônico se encaixam todos estes acordes. O único que têm todos eles é o de RE, portanto o tom da música é RE. Veja outro exêmplo:
Am F Dm G
Olhando para a tabela, você vai ver que o único campo harmônico em que se encaixam os 4 é o de DO. Então o tom da música é DO. Esse acorde, nesse caso fica subentendido. Mas e se fossem só 3 acordes?
Am F G
Esses 3 acordes estão presentes tanto no campo de DO como no de SOL. E agora? Dica simples para resolver tudo: coloque os relativos de cada acorde e veja o que acontece.
Am - C F - Dm G - Em
Agora, o único campo em que eles estão presentes é no de DO, portanto o tom da música é DO. Outra coisa muito importante é conhecer a altura dos acordes dentro da harmonia. Normalmente, eles não vão aparecer na música na mesma ordem em que aparecem na tabela, porém ela é organizada dessa forma para que você entenda qual é mais baixo e qual é mais alto. Dessa forma quando você ouve o acorde, sabe qual é a posição dele dentro da harmonia.
Para que um monte de notas, acordes, batidas e pulsos sejam chamados de música, precisa haver coerência em tudo isso. Coerência entre a harmonia e a melodia são fundamentais, por isso fizemos essa introdução sobre campo harmônico. A melodia é para a música como as palavras são para a fala. E é através das escalas que podemos estudá-la. Como você já aprendeu, primeiro temos que saber o que queremos dizer com a música. Construímos mentalmente a melodia e então usamos a técnica, ou seja, a teoria para colocar isso em notas, e fazemos isso usando as notas da escala. Algumas vezes, quando a ocasião permite, simplesmente tocamos essas notas, deixando que a melodia seja criada espontâneamente. Mas lembre-se que é preciso muito estudo sobre escalas e relação com harmonia antes de sair brincando de compositor. Algumas pessoas tocam umas notas bem rápido (e ás vezes nem tanto) que acabam não tendo coerência nenhuma com a harmonia e chamam isso de improviso. Música precisa de estudo, treino, domínio de técnicas, ensaio e mais ensaio. Antes de sair chamando qualquer coisa de solo, precisa de muito conhecimento. Improviso é uma coisa, e "gambiarra" é outra.